Que os concursos públicos são uma forma bastante democrática de acesso a uma vida melhor, com bom salário, segurança e condições de planejar o futuro, isso todo mundo sabe. Mas talvez escape a alguns os diversos aspectos em que a coisa se dá.
O ponto de vista mais óbvio é o da possibilidade de concorrerem pessoas de classes sociais, sexos, origens, estado civil, idades e outras características diferentes em absoluta igualdade de condições, dependendo apenas do seu desempenho na hora da prova.
Mas há outro fato que sempre me chamou bastante a atenção: não há data limite para ser aprovado. Isto significa que cada concurseiro pode se preparar no tempo que for possível, dentro das suas condições de vida. Então, cada um vai trilhar a sua maratona de acordo com o seu ritmo pessoal, que é definido por: disponibilidade maior ou menor de tempo para estudar, possibilidade ou não de ingressar num curso preparatório, dificuldades ou facilidades diante de determinadas matérias, existência ou não de hábito de estudo, entre outras. Assim, nosso atleta tem a chance de intensificar aos poucos sua preparação, sedimentando e aprofundando os conteúdos, amadurecendo a estratégia de prova, até a vitória final, que acontecerá quando ele estiver pronto. Por isso, acho que não vale a pena comparar-se com colegas de empreitada. Afinal, cada um tem a sua história e um diferente conjunto de fatores que interferem na caminhada.
Foi isso o que permitiu que eu, mulher, com certa idade, divorciada, quatro filhos, sem estudar há mais de dez anos e sérias dificuldades nas matérias exatas, ainda assim pudesse ser aprovada, após três anos, num concurso da área fiscal na cidade do Rio de Janeiro. Tenho amigos que passaram com menos tempo de estudo. Outros, que levaram mais ainda. Mas, todos os que seguiram estudando, são hoje servidores públicos. Cada um conquistou a vaga a seu tempo.
Mesmo em termos geográficos, o acesso aos concursos é hoje muito mais democrático. Há alguns anos, havia acentuada predominância dos grandes centros. Notadamente, Rio de Janeiro – por ter sido capital do país e ainda contar com muitos órgãos da Administração Pública, onde se construiu uma tradição de serviço público, e Brasília – por ser hoje a capital administrativa – apresentavam a maior concentração de candidatos bem preparados. Em outros pontos do país pouco se pensava em concurso como possibilidade de emprego. São Paulo, mesmo como grande centro, tem tradição de oferta de postos de trabalho na indústria e nas fábricas, e isso afastava um pouco o concurso público das perspectivas do cidadão.
O que vemos hoje é um interesse crescente por esse mercado. Concurso público está na ordem do dia em jornais, rádios, tvs, internet, sites de notícias. Passou a fazer parte da vida das pessoas. Todo mundo conhece alguém que é servidor ou está-se preparando para. A maioria das pessoas já pensou na possibilidade de se candidatar e deseja informações mais detalhadas. Isso criou um segmento na economia bastante rentável, inclusive. São cursos, editoras especializadas, feiras, que movimentam o mercado e empregam muita gente, não diretamente no serviço público, mas em razão dos concursos.
Acompanhando esse aumento da visibilidade dos concursos vem a tecnologia, trazendo o ensino à distância – seja via internet ou satélite – permitindo que pessoas nos mais distantes pontos do país tenham acesso aos mesmos professores que os candidatos de uma grande cidade. Cada opção oferece vantagens e desvantagens e a escolha deve ser feita conforme o perfil do concurseiro. A internet talvez seja um pouco fria, em razão de o aluno estudar sozinho em casa, sem compartilhar o dia a dia de outros concurseiros (apesar de que também temos fóruns de discussão, que minimizam esse isolamento). Por outro lado, pode-se assistir às aulas no horário mais conveniente para o aluno e não há despesas com transporte, nem gasto de tempo com trânsito e engarrafamentos. Já o ensino via satélite, utilizado por cursos que se multiplicam em franquias pelo país, oferece a vantagem da qualidade da informação de professores experientes localizados em tradicionais pólos de concurso, aliada à convivência em salas de aula, onde a troca de experiências permite que o aluno sinta-se parte de um grupo que tem o mesmo projeto de vida. Isso suaviza um pouco as dificuldades, que são comuns a todos, e potencializa os ganhos.
Atualmente, temos ainda opções gratuitas em sites e blogs especializados que, além de orientações, muitas vezes oferecem aulas sobre diversos conteúdos e questões para treino.
Bons tempos esses, em que existem oportunidades de qualidade, com possibilidades para todos, o que garante efetivamente a democracia no acesso aos concursos públicos.
Aproveite, então, e construa o seu modelo de preparação. Encontre o seu jeito de caminhar para a vitória!