terça-feira, 15 de novembro de 2011

Fases da preparação


 
Uma analogia que também considero adequada aos concursos públicos é o vídeo game. Desculpem, mas isso faz parte da minha vida: meus quatro filhos são homens...

Em primeiro lugar, quando se inicia um jogo novo, não há idéia de como fazê-lo. Entretanto, este fato não intimida o jogador, que segue se divertindo, enquanto se familiariza com a trajetória. Também o concursando iniciante se depara com um mundo totalmente novo, com regras e códigos próprios. Até mesmo a linguagem utilizada tem suas peculiaridades. É uma boa estratégia encarar a situação com leveza e curiosidade, como se estivesse diante de um novo jogo.

O vídeo game apresenta fases preestabelecidas e o jogador terá de vencê-las, uma a uma, para seguir adiante. O jogo dos concursos também tem fases bastante previsíveis. Assim, muitas apreensões existem apenas em razão do desconhecimento das etapas da trajetória que leva à aprovação. O que é absolutamente natural, já que não há como conhecermos um caminho antes de passarmos por ele.

Fase 1 – a dúvida
Insatisfação com a perspectiva profissional: desemprego ou baixo salário e sem qualidade de vida. Alguém fala em concurso público; pensamos naquele amigo servidor, que parece estar muito bem de vida, vamos à banca e compramos um jornal de concursos. Visão do paraíso na Terra: bons salários, segurança, estabilidade. Telefonamos para alguns cursinhos e decidimos: vamos tentar!

Fase 2 – o início
No primeiro dia de aula (alguns preferem estudar sozinhos, em casa, mas penso que isso torna as coisas um pouco mais difíceis), estamos motivados, empolgados, já nos imaginamos servidores. Começam as matérias e... as dificuldades. Olhamos em volta e nos sentimos totalmente diferentes dos outros. Parece que todos ali têm facilidade no entendimento e assimilação do conteúdo, têm tempo livre para estudar, dinheiro para livros, e nenhum problema. Se pudéssemos saber um pouquinho dos outros, descobriríamos que cada um tem a sua dificuldade e são todas bem reais. A maior delas não é a falta de dinheiro, ou doença na família, ou problemas de concentração. A maior dificuldade... é a nossa. Claro! É esta que teremos de enfrentar.

Fase 3 – a caminhada
Começamos a perceber que é necessário encontrar uma organização para o estudo. Descobrimos a dificuldade de conciliar o estudo e a manutenção de várias matérias ao mesmo tempo. Sugiro que olhe para elas como se fossem jogadores do time e você é o treinador. Precisamos encontrar uma forma de trabalhar com todos eles ao mesmo tempo. Para isso, é importante fazer o planejamento mensal, com horários e matérias a serem estudadas. Procure treinar todos os jogadores a cada semana ou, na pior das hipóteses, a cada quinzena, para que eles não enferrujem. Claro que não vai esgotar o conteúdo de cada matéria a cada semana. Vai estudar dentro do horário estipulado, uma parte a cada vez.

Fase 4 – a pressão e o medo
Reclamações da família e amigos, medo de falhar, vontade de desistir. Tudo normal e dentro do esperado. A pressão aumenta na proporção do avanço da estrada. Quanto mais caminhamos, maior a cobrança - nossa e dos outros. Já é uma etapa avançada, de quem está chegando perto da vaga. Estamos há mais tempo “longe de casa”, mais cansados. Nada mais natural. Mas, por isso mesmo, falta muito menos do que faltava. Portanto, resista e siga adiante.

Fase 5 – a dor
Não é obrigatória, mas acontece com muita gente: “bater na trave”. Quase passamos. Dói muito. Mais do que quando somos reprovados bem longe das vagas. Foi o momento em que eu fraquejei e desisti. Conheço vários casos parecidos. Fique tranqüilo. Você está quase lá mesmo. No próximo concurso, quem sabia mais do que você, passou no anterior e saiu da sua frente. Alguns desavisados – não leram essa coluna – desistiram por causa do insucesso naquela prova. Você seguiu na preparação. A próxima vaga é sua!

Vale lembrar que, no vídeo game, as fases apresentam grau de dificuldade cada vez maior, até que o jogo possa ser “zerado”. Durante esse percurso, o jogador “ganha bônus, vida, ou força”, conforme o estilo do jogo e, por outro lado, pode “morrer” muitas vezes até conseguir passar de fase. Sempre achei muito interessante a reação dos meus meninos quando perdiam uma fase. Alegremente, reiniciavam o jogo para tentar mais uma vez. Não percebia, ali, qualquer vestígio de sensação de fracasso. Considero uma atitude bastante saudável e extremamente útil para os concurseiros. Existem, sim, momentos muito difíceis nessa estrada. Mas eles podem e devem ser enfrentados com naturalidade. Eventuais tropeços fazem parte do jogo e a única coisa a fazer é respirar fundo e reiniciar a partida. Afinal, a cada vez temos mais conhecimento, mais maturidade e compreensão de como as coisas funcionam nesse mundo dos concursos. Mais alguns passos e conquistará A APROVAÇÃO e uma nova vida!










4 comentários:

  1. Está perfeito o texto. Resume muito bem a jornada do concurseiro. Parabéns

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  2. Obrigada, Daniel! Sendo "menino", você entende muito bem o tema, né? rsrs

    Abs,
    Lia

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  3. Lia, Parabéns!!!
    Era tudo que eu precisava ouvir.
    Que Deus te ilumine sempre...

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  4. Lia, como seus textos são deliciosos! Conheci sua história, comprei seu livro nesse feriadão. Identifiquei-me. Fui funcionária pública estadual por 15 anos e deixei a carreira para acompanhar meu marido em mudança para outro Estado, há 5 anos. Não mais consegui voltar ao mercado de trabalho. Depressão,arrependimento, culpa, baixa autoestima, confiança zero. Há 3 anos voltei a estudar para concurso, prestei alguns,não passei. Desisti. Culpa e depressão, de novo. Quero tentar novamente: você acha que, reiniciando agora, estarei começando do zero? Sua opinião é valiosa para mim. Um beijo e obrigada por fazer parte da minha história, a partir de hoje.

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